Lapidar um Diamante Exige um Trabalho Paciente



Estou muito aflito; vivifica-me, Senhor, segundo a tua palavra.” (Salmo 119.107).

As aflições são um meio de cura necessário para o pecado. “Todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que produza mais fruto ainda.”, João 15.2.
Especialmente aqueles que se consagram a Deus e que são usados por ele necessitam de aflições para que não fiquem inchados pelo orgulho e vaidade, de modo que possam ser mantidos humildes diante de Deus e dos homens. Por isso Paulo aprendeu a ser grato pelos espinhos na carne, 2 Cor 12.7.
É muito instrutivo observar que o salmista não clama por libertação imediata da sua aflição em seu clamor dirigido a Deus, antes, lhe pediu para ser vivificado segundo a sua Palavra divina.
Os que têm sido experimentados nisto sabem muito bem que o primeiro e grande efeito das aflições é o de tentar afastar o nosso espírito e nossos pensamentos da alegria e comunhão que vínhamos mantendo com Deus. Não há portanto outro meio para sermos firmados nesta alegria e comunhão quando o vento da tempestade da aflição está sobre nós, senão, não apenas em nos refugiarmos nas boas promessas da Palavra de Deus para nós, como também em sermos vivificados nas convicções já aprendidas acerca de tudo o que temos herdado em Cristo, que inclui não somente coisas agradáveis, mas também a participação em suas aflições e sofrimentos, em alguma medida.
Com isto nossas graças são renovadas e nos fortalecem a mente e o espírito ainda que estejamos vagando pelos vales do sofrimento. Foi isto que nosso Senhor quis ensinar ao apóstolo na sua experiência do espinho na carne, que a Sua graça era suficiente para ele, ou seja, de nada mais necessitava para ser vitorioso sobre aquilo que o humilhava, senão somente estar fortalecido pela graça.
Além disso o fruto imediato de se suportar as aflições com paciência cristã, no poder do Espírito Santo, é o fruto pacífico de justiça que nos torna habilitados a participar mais efetivamente da própria santidade de Deus, Hebreus 12.11, uma vez removido, pelo extintor da aflição, o combustível do fogo que acenderia o nosso orgulho e vaidade.
Somos dados naturalmente à euforia e não à sobriedade. Ao entusiasmo e não ao domínio próprio. A alegrarmo-nos na carne fora de medida em razão dos nossos sucessos em nossos empreendimentos e orações, e então, as aflições, geralmente operadas pelas resistências e golpes desferidos pelo inferno nos trazem ao devido quebrantamento e espírito e humildade que nos manterão sóbrios, moderados e vigilantes.
Além disso, grandes e fortes paixões carnais só podem ser subjugadas por grandes aflições.
Por isso muitos pensam que haja contradição na verdade que quanto mais tentamos nos aproximar de Deus por uma correta santificação, mais somos atribulados. Todavia, isto é verdadeiro e bíblico, pois todos os que se santificam, vivem isto em suas experiências, e daí ter afirmado o apóstolo que todo aquele que quiser servir a Cristo de maneira piedosa será perseguido, 2 Tim 3.12; e que assim nos importa entrar na posse do reino de Deus através de muitas tribulações, Atos 14.22.
Por conseguinte, quanto mais experimentarmos da vida de Deus, mais tribulações teremos, porque não somente o reino das trevas se levantará em maior grau contra nós, como também o próprio Deus permitirá isto para que sejamos mantidos em toda vigilância e oração espiritual, que contribuirão para o nosso aperfeiçoamento na justiça, no amor e na verdade.
Não aprenderíamos paciência, longanimidade, paz e misericórdia, a não ser por este meio de vencer com Deus nas aflições que temos aqui embaixo. Tudo isto nos prepara portanto para vivermos a vida do céu já a partir da nossa jornada terrena.


A Capacitação para o Ministério
4 E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.” (II Coríntios 3.4-6)

Toda a capacitação de qualquer cristão para o cumprimento do seu ministério espiritual vem da parte de Deus.
Porque é Ele quem habilita seus ministros a serem capazes para a obra do ministério do Novo Testamento, que não é uma mera exposição da letra das Escrituras, ou mera transmissão de palavras, como ocorria no Velho Testamento, mas a ministração do Espírito aos espíritos, porque somente a letra sem o Espírito, produz morte, porque não pode gerar a vida de Cristo nos corações.
Os sacerdotes do Antigo Testamento não foram capacitados e chamados a cumprir um tal ministério em todas as nações, mas é exatamente este o ministério desde que Cristo inaugurou um Novo Testamento (aliança), no Seu sangue.
Não foi Paulo que inventou a doutrina de que é o espírito que vivifica, mas isto foi uma revelação de nosso Senhor Jesus Cristo em seu ministério terreno:
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63)
Quando Jesus disse que as palavras que ele havia dito eram espírito e vida, isto significa que Suas palavras foram inspiradas e proferidas pelo Espírito, pois tudo quanto fazia e ensinava era mediante o Espírito Santo.
É fácil observarmos isto quando lemos os discursos que Ele proferiu e que foram registrados nos evangelhos. Nós logo vemos que há espírito e vida, por exemplo, nas palavras do Sermão do Monte, nos discursos do evangelho de João e em tudo mais que o Senhor fez e ensinou, não somente porque se trata da verdade, mas também porque foram proferidas pelo espírito e não pela carne.
Esta é a razão de muitos lerem a Bíblia no culto público, ou pregarem a verdade, e não transmitirem vida aos seus ouvintes, porque o fazem na carne, e não no espírito.
O que podemos entender então é que sempre que as palavras que são proferidas forem procedentes de um espírito liberado em comunhão com o Espírito Santo, o resultado será que a palavra transmitirá vida espiritual àqueles que as lerem ou ouvirem.
Por exemplo, os sermões de Spurgeon ainda falam com vida porque Ele andava no Espírito e pregava no Espírito, e ainda hoje nós podemos sentir o espírito e a vida que há nos seus sermões, porque foram pregados com palavras ensinadas pelo Espírito e com a unção do Espírito.
O mesmo pode ser dito dos escritos da quase totalidade dos puritanos, especialmente de John Owen, Richard Sibbes, Richard Baxter, Thomas Manton, Thomas Watson, dentre outros.
Não há nada de influência ressecante nestes escritos, ao contrário, eles transmitem vida espiritual porque foram produzidos em espírito, pela inspiração do Espírito Santo, em pessoas cujos espíritos estavam santificados.
Então é um excelente critério para nortearmos a seleção dos louvores e dos sermões que ouvimos, dos livros e das mensagens que lemos, procurar identificar se é a carne ou o espírito que os produziram. Se foi a carne, gerará o que é carnal, natural, desta criação, porque o que é nascido da carne é carne. Mas se foi o espírito, gerará vida espiritual.
Por isso se diz que o ministério da Igreja é o ministério do espírito (veja que é usado espírito com inicial minúscula no texto de II Cor 3.6,8):
“o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (II Cor 3.6).
 “Como não será de maior glória o ministério do espírito?” (II Cor 3.8).
Devemos ter o cuidado de não cometer o mesmo pecado dos escribas e fariseus que não reconheceram o ministério do Messias e O rejeitaram, porque é possível estar totalmente alheio ao fato de que há um ministério do Espírito Santo acontecendo desde o Pentecostes ocorrido em Jerusalém, neste período que chamamos de dispensação da graça, que podemos também chamar de dispensação do Espírito Santo.
Havia e ainda há um véu no Antigo Testamento, que impedia que se visse claramente o significado das realidades espirituais relativas ao evangelho de Cristo, que está revelado no Velho Testamento em sombra, mas claramente revelado no Novo Testamento.
É somente quando o Espírito Santo remove este véu que podemos entender o mistério de Deus para o homem, que é Cristo, pela conversão de suas almas a Ele

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